Soneto do Acadêmico Antonio Lafayette Natividade Silva, Cadeira nº 03 da ACL
(Homenagem à sua esposa Neuza, que tanto amou, falecida em 25 de Fevereiro de 2021).
Num desterro infinito, agora é meu andor.
O tempo a desenhar a rosa da distância
Que brota em minha vida, invisível, sem cor,
Como um sonho que se acaba de menor importância,
O viver agora é uma alegoria em espasmos de dor.
O verso interrompido por tantas reticências
Um vaso simbólico onde se planta a luz do amor,
Na ternura de carinho a viver reminiscências.
É no tormento que trago, sem amada e sem poesia:
Na espessa neblina que cobre meu coração
É um pesadelo de dor e aflição.
É um vazio de um compasso, a sacudir o mundo;
Vem do caos a gritar tudo que há de mais profundo.
Como a aurora de mentira, que nunca aflora o dia.