Rosa Maria Custódio
Ao Manuel (Bandeira),
que viu uma rosa,
uma estrela luzindo,
e quis sentir as coisas mais simples,
Ao Oswald (de Andrade),
que nunca foi catequizado
e encontrou a poesia
na dor
na flor
no beija-flor
no elevador...
Ao Mário (de Andrade),
esfomeado de ciência e branco
na curiosidade imperiosa de ser,
branco na alma crivada de raças,
À Cecília (Meireles),
do jardim verde, encarnado, amarelo,
das borboletas douradas,
dos dormentes lagos que ao luar se evaporam,
Ao Cassiano (Ricardo),
da ilha cheia de pássaros,
da terra cheia de luz,
do Brasil cheio de graça,
Ao Carlos (Drummond de Andrade),
que se divertiu com o hábito de sofrer,
e, penetrando surdamente no reino das palavras,
encontrou a pedra no meio do caminho,
Ao Murilo (Mendes),
que quis conhecer a verdade dos seres,
que brincou com as esfinges,
e comunicou-se com os deuses,
Aos poetas
de todos os tempos
que interpretam sonhos
que tecem fantasias
que inventam mitologias
em cantos libertadores
do sofrimento e das dores,
Às Marias, aos Joãos,
a todos os poetas
que buscam na palavra
o som da vida,
a imagem do belo,
a essência do ser,
e encontram o AMOR
– o sentimento maior –
que concilia o homem
consigo mesmo,
com os outros homens,
e com DEUS,
a nossa gratidão
e singela homenagem!