Frances de Azevedo
Maravilhada, assisti parcialmente, enquanto esperava uma certidão no 14º Registro de Imóveis da Capital/SP, ontem (05/06/2023), a um documentário onde, na Espanha, em Lanzarote, arquipélago das Canárias, próximo da África, região vulcânica, operou-se um verdadeiro milagre, conforme referida reportagem.
Tentarei contar o que ouvi.
O que me impressionou a princípio, ou melhor, o que realmente me levou a me fixar naquele programa foi a aura de poesia que envolveu seus habitantes, -obviamente uns mais do que outros - quando passaram a estudar, observar, analisar as cinzas vulcânicas ali depositadas por mais de dois séculos pela erupção de vários vulcões, de 1730 a 1736.
Referida região era muito fértil, mas foi coberta pelas cinzas escuras...
Um senhor, hoje com mais de oitenta anos e ainda ativo, precursor de tal estudo, passou a demonstrar de que forma nasceu o cultivo de vinhas num local, aparentemente impossível de brotar qualquer espécie de vegetação e que, hoje, abriga vinhedos famosos, produzindo vinhos de excelente qualidade!
Durante a narrativa foi exaltado o espirito de união, de fé, de alegria, de magia que envolveu os habitantes da região!
Referidas plantações são feitas de forma circular e protegidas com pedras contra o vento. Cava-se as cinzas até chegar à terra fértil onde então a muda de vinha é plantada. A temperatura das cinzas vulcânicas ajuda as uvas a aumentar o açúcar e, consequentemente o teor alcóolico. Também um fator importante é que chove pouquíssimo na região. Então, pergunta-se, como manter a plantação? Ocorre que, à noite, o sereno forma gotículas que são absorvidas na madrugada pela vinha! Fantástico, não é mesmo!
Por que citei “aura de poesia” no início desta crônica?!
Refiro-me à energia que tomou conta desses habitantes, os quais, agregando-se num mesmo ideal/pensamento, foram construindo versos harmoniosos, rimados, plenos de energia para atingir um mesmo objetivo. E conseguiram!
Não é só na escrita que a poesia subsiste, porquanto a mesma se apresenta sob diversos aspectos que a alma sensível pode captar. Assim o nascer e o pôr do sol. O entardecer. As estações do ano. O abraço dos pais aos filhos. Um olhar furtivo de enamorados. As chegadas/partidas...
Valeram-se, pois, aqueles habitantes de Lanzarote, da criatividade: elemento substancial do poeta; somando-se a outros, como a inspiração, amor e o real interesse pelo que pretendiam; estando abertos a novos conhecimentos. Lutaram! Foram em frente...
Frances de Azevedo
Secretária da ACL
Cadeira 39